sábado, 21 de novembro de 2009

Dias dificieis

Após a morte do meu Pai, minha Mãe sozinha com quatro filhos e todos nós pequenos, vivemos momentos bastente dificeis, pois ficamos com sérios problemas de ordem financeira.
Meu Pai era comerciante e à morte dele deixou bens e recebimentos de serviços prestados que nos teriam deixado sem problemas financeiros, se as pessoas das quais não vou citar nomes, mas em quem ele depositava a máxima confiança, não nos tivessem esquecido, não usaram de honestidade, e por isso nos deixaram sem nada.
Minha Mãe da qual tenho muito orgulho, sempre foi uma grande mulher, de poucos estudos, mas sempre foi uma lutadora, era uma mulher incrivel. Costureira de profissão, mas deitava mão a tudo, trabalhou noite e dia para nos criar e vivermos com dignidade, não tinha medo do trabalho.   
Como já tive oportunidade de referir era a 2ª filha mais velha dos quatro irmãos.
Minha irmã Sara, nome ficticio, frequentava o 2º ano do liceu, a meio do ano ficou gravemente doente e derivado à sua doença, abandonou os estudos, tendo concluido o liceu já adulta, propondo-se aos exames o que concluiu em dois anos.
Também eu fiquei algum tempo sem retomar os estudos, ajudava a minha Mãe na costura, cuidava dos meus irmãos, ajudava-os nos trabalhos da escola, e entregava os trabalhos de costura e recebia o pagamento. Quando alguma cliente não pagava no acto de entrega, cabia-me a dificil tarefa de depois voltar para receber o débito.
Era a parte mais dificial para mim, não gostava nada de ir pedir o dinheiro, apesar de ir receber uma importância devida por um trabalho já efectuado há algum tempo.   
Para além de todas estas tarefas, tinha sempre tempo para brincar, adorava saltar à corda, jogar as pedrinhas e às escondidas. A maior parte do meu tempo livre era passado a saltar à corda!
Foram tempos dificeis, mas minha Mãe era muito querida naquela terra e tinhamos pessoas muito amigas, que de alguma forma também nos ajudaram.
Tinhamos uma familia que semeava as batatas para nós e nos mandava o pão todas as semanas, porque ao cozerem o pão para consumo deles, já coziam também o que nos era destinado.
Minha Mãe ficou viuva aos 43 anos, era uma pessoa ainda bastante nova e também uma mulher muito bonita e elegante. Teve vários pretendentes e sempre pessoas com vidas bem estaveis, (o que se podiam dizer  bons partidos).
Se minha Mãe tivesse optado por voltar a casar, teria resolvido os problemas financeiros, no entanto, todos ela recusou, apenas viveu e trabalhou para os filhos!
À medida que os anos foram passando a vida começou de novo a sorrir-nos. Deixamos Trás-os-Montes e aos doze anos voltei para a minha aldeia. Minha Mãe continou com os trabalhos de costura e tinhamos terras de cultivo. Semeava batatas, feijão, cenoura, couve e toda a variedade de legumes, tinhamos também alguma criação, coelhos, galinhas, porcos etc.
Voltei a estudar, matriculei-me no curso nocturno "Comercial e Industrial" e arranjei emprego num consultório médico em Viseu. Estudei até ao 5º ano antigo.                      

terça-feira, 27 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

o incio das minhas lembranças

Nasci numa pequena aldeia da Beira Alta no distrito de Viseu,  a minha cidade!
Eu era a segunda filha mais velha de quatro irmãos.
E assim começo por relatar as minha lembraças.
Na minha pequena aldeia vivi até aos seis anos e, apesar da pouca idade, guardo muita boas lembranças. Nessa idade era uma criança muito feliz, adorava brincar na rua, andar ao ar livre, correr pelos campos, ouvir os passarinhos e tal como eles cantava, cantava sem parar. Recordo com alguma nostalgia essa parte da minha meninice. Aos oito anos fui viver para Viseu, aí já não podia andar livremente, ia  para a escola e voltava sempre com a minha amiga Glória.

Aos oito anos por motivos de serviço do meu Pai fomos viver para uma aldeia de Trás-os-Montes, "Travassos da Chã", concelho de Montalegre. 

Desde a minha infância que me sinto um pouco nómada, nunca permaneci por muito tempo no mesmo lugar, mas desde cedo me adaptei com alguma facilidade a qualquer lugar e até situação. Aqui concluí a minha instrução primária e fiz exame de admissão ao ensino Comercial e Insdustrial na cidade de Chaves. Tive boas amizades e gostava muito da minha professora Luciana mas foi também aqui que eu sofri a minha primeira e grande perda, a morte do meu querido Pai, se bem que nesta fase eu era tão inocente que me sentava todos os dias, à tardinha, nas escadas da minha casa à espera que o meu Pai voltasse para nós e durante muitos meses alimentei e vivi com essa esperança, rezava muito à Senhora de Fátima e pedia para que fizesse o milagre de trazer de volta o meu Pai! Pobre criança que eu era!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Hoje é o dia!



Hoje nasce este espaço de meditação, de reencontros com o passado, reflexões do presente e, quem sabe, um antever do futuro.

Sempre pensei que seria boa ideia escrever as minhas memórias, dissertar sobre todas as peripécias vividas, sobre todas as histórias que compõem a minha própria história.

Acho que nunca encontrei a força em mim, a vontade ou talvez apenas não soubesse por onde começar… Há tanto para contar… Continuo sem saber mas decidi que hoje era o dia e que esta seria a minha folha de papel, a minha primeira página e decidi que não encontrando nenhuma forma perfeita, a minha história poderia começar como tantas outras histórias… Era uma vez…

Hoje é o dia!